top of page

Escola Cívico-Militar e as Racialidades: inconsistência político-pedagógica, violência simbólica e a indução à abnegação do Ser Negro no Projeto de Nação Contemporâneo

No turbulento cenário das disputas contemporâneas em torno da educação pública no Brasil, o modelo de escolas cívico-militares emerge com a promessa de restaurar a "ordem", a "disciplina" e o "civismo" em ambientes escolares percebidos como caóticos. Contudo, sob este verniz de eficiência gerencial e retórica patriótica, oculta-se um projeto político e pedagógico que, longe de ser neutro, opera como um potente dispositivo de reprodução e intensificação de mecanismos de exclusão e controle racial. Como nos alerta Frantz Fanon (2008) em sua análise seminal sobre os efeitos psicossociais do colonialismo, sujeitos racializados são submetidos a uma tensão dilacerante entre o desejo de reconhecimento e pertencimento a uma sociedade que os rejeita estruturalmente, e a dolorosa necessidade de mascarar ou negar a própria identidade para sobreviver. Ao transpor essa lente fanoniana para a análise das escolas cívico-militares, podemos desvelar como seu aparato disciplinador, focado na hierarquia, na uniformidade e na obediência, se estrutura como uma sofisticada tecnologia de poder racializante. Este ensaio argumenta que tal modelo exibe uma profunda inconsistência político-pedagógica, manifesta na violência simbólica que exerce e na indução à abnegação do ser negro, funcionando, em última instância, como um braço educativo de um projeto de nação conservador que rejeita a pluralidade e, em certo sentido, pratica uma forma de necropolítica educativa (Mbembe, 2011), decidindo quais vidas, corpos e saberes são dignos de afirmação e quais devem ser silenciados ou conformados para existir dentro de seus muros.

    Quer ler mais?

    Inscreva-se em livrariapandora.com.br para continuar lendo esse post exclusivo.

    Inscreva seu e-mail para receber atualizações

    Obrigado por se inscrever!

    Achamos que você possa gostar

    bottom of page